Exposição a composto presente em plásticos pode dobrar risco de diabetes entre mulheres.
Exposição a composto presente em plásticos pode dobrar risco de diabetes entre mulheres.
Pesquisadores americanos descobriram que a exposição a um composto químico comumente utilizado na fabricação de embalagens de plástico está ligada a um maior risco de diabetes entre as mulheres. Trata-se dos ftalatos, que deixam os objetos mais maleáveis e que podem ser encontrados em embalagens de produtos de cuidados pessoais — como esmaltes e sabonetes —, equipamentos médicos e até revestimento de pisos e paredes. Essas conclusões fazem parte de um estudo desenvolvido no Hospital Brigham and Women, que é ligado à Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e publicado nesta sexta-feira no site do periódico Environmental Health Perspectives.
FTALATOS NO BRASIL
É autorizada no Brasil a utilização dos ftalatos na fabricação de embalagens de plástico, inclusive naquelas que costumam entrar em contato com "alimentos, matérias-primas para alimentos, águas minerais e de mesa, assim como as embalagens e equipamentos de uso doméstico, elaborados ou revestidos com material plástico", segundo a Resolução nº 105 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de 19 de maio de 1999.
Os ftalatos, assim como o bisfenol A (BPA) e outros compostos químicos, é considerado um desregulador endócrino, pois imita a ação de certos hormônios naturais do organismo e pode provocar uma série de complicações. Um estudo divulgado em janeiro deste ano, por exemplo, já havia indicado outro efeito negativo provocado pelos ftalatos — segundo a pesquisa, a alta concentração da substância no corpo de crianças pode levar à obesidade infantil.
Para medir a concentração de ftalatos no organismo das participantes, a equipe de pesquisadores analisou amostras de urina de 2.350 mulheres de 20 a 80 anos. Eles observaram que as mulheres que apresentavam as maiores concentrações do composto químico tinham até o dobro do risco de sofrer de diabetes do que aquelas com as menores concentrações. "Essa é uma das primeiras vezes em que um estudo explora a relação entre os ftalatos e diabetes”, diz Tamarra James-Todd, uma das autoras do estudo. "Sabemos que, além de estar presente em produtos de cuidados pessoais, os ftalatos também existem em certos tipos de dispositivos médicos e medicamentos usados para tratar diabéticos, o que também poderia explicar o maior nível de ftalatos em mulheres diabéticas.”