Doentes crônicos são as maiores vítimas da H1N1 em Santa Catarina
O estado de Santa Catarina, no sul do país, registrou até o momento 685 casos de gripe A e 62 óbitos em decorrência do vírus — número que equivale a 42% do registrado durante a pandemia da doença, em 2009, quando 144 indivíduos morreram na região. As mortes por gripe A registradas este ano no estado atingiram, em sua maiora, pessoas que tinham alguma doença crônica. Entre outros fatores, a dificuldade de imunizar esse grupo, que é um dos mais vulneráveis ao vírus, explica o quadro.
Até o dia 12 de julho, já haviam sido registrados no país 1.449 casos e 159 óbitos em decorrência da influenza A (H1N1), sendo que 65% das mortes se concentram na região Sul. Santa Catarina é o estado que soma o maior número de casos e mortes pela doença em 2012.
Segundo Fábio Gaudenzi, diretor de Vigilância Epidemiológica (Dive), as primeiras 28 mortes do ano estão sendo estudadas, em parceria com o Ministério da Saúde, para avaliar as causas do crescimento do registro da doença em relação ao ano passado. Dados preliminares indicam que 85% dos mortos tinham doença crônica. “O grupo é formado, em sua maioria, por adultos com doenças do coração, pulmão ou obesos. É um grupo prioritário para a vacinação, mas sempre obtivemos baixa adesão dessas pessoas, o que as torna ainda mais vulneráveis”, diz o diretor.
Prevenção — Outro fator que teria levado ao aumento da ocorrência da gripe suína seria o descuido da população e dos profissionais de saúde com os cuidados básicos em relação à prevenção. “As pessoas voltaram a pensar que gripe é apenas uma gripe e que basta ficar em casa e tomar um chá para ficarem curadas”, diz Gaudenzi. “Em 2009, as pessoas ficaram alertas, mas agora os cuidados estão caindo em desuso. Sequer vemos mais álcool gel nos restaurantes e locais públicos”.
Dessa forma, os doentes voltaram a demorar a procurar ajuda especializada. Segundo um balanço parcial do Ministério da Saúde, metade das pessoas que morreram em decorrência do problema em Santa Catarina começou o tratamento com o antiviral oseltamivir, comercialmente conhecido como Tamiflu, com mais do que cinco dias após o surgimento dos primeiros sintomas. Na maioria dos casos de óbito, indicou o relatório, a gripe já havia se agravado quanto o tratamento começou. "A gripe não é uma doença banal e deve ser motivo para procurar um centro de saúde para início rápido do tratamento", diz Cláudio Maierovitch, diretor do Departamento de Vigilância e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde.
De acordo com Maierovitch, o país não enfrenta um novo risco de pandemia do vírus. Há, no entanto, possibilidade de surtos isolados. "O vírus é transmitido para quem não teve contato com ele ainda. Em algumas cidades, metade da população já foi infectada alguma vez, em outras, praticamente ninguém", diz. Assim, regiões onde os moradores são mais suscetíveis à doença podem ter mais riscos de surtos