Gravidez na adolescência: riscos e cuidados necessários
Em se tratando de gravidez na adolescência no Brasil - bebês nascidos vivos de mães entre 10 e 19 anos- embora tenha tido uma queda de 17% em comparação com os dados estatísticos oficiais de 2015, nosso país ainda está em uma posição muito alta dentre os países com fecundidade precoce, mesmo quando comparado com Índia e Paquistão, países que permitem o casamento infantil.
Hoje 66% das gravidezes em adolescentes são indesejadas. Em geral, não é uma decisão voluntária ou consciente, sendo muito frequentemente, produto de violência e abuso, mas também por busca de afeto e curiosidade sexual. Está diretamente associada à iniciação cada vez mais precoce da vida sexual, falta de informação e desconhecimento de métodos contraceptivos eficientes.
Mais frequentemente acontece com as jovens mais pobres, de cor negra e com menor escolaridade, tendo forte impacto negativo nas perspectivas futuras, tanto pessoais quanto profissionais, o que perpetua a pobreza e exclusão social.
A queda no número de adolescentes grávidas deve-se ao programa Saúde da Família do Ministério da Saúde que as aproxima dos profissionais de saúde, promove ações em educação sexual e direitos reprodutivos. Ademais, oferece mais acesso aos métodos contraceptivos, através da distribuição da pílula combinada e mini-pílula, anticoncepção de emergência, anticoncepcional injetável, diafragma, assim como preservativo feminino e masculino.
Quando uma adolescente engravida, em geral ela é solteira, ainda imatura emocionalmente, sendo o casal despreparado para ter uma relação estável e poder criar uma criança. Esta incapacidade conduz a profundas repercussões negativas em todos aspectos da vida dos protagonistas.
O suporte familiar para os jovens pais deve ser compreensivo e afetuoso, não apenas com os cuidados médicos-obstétricos no pré natal mas também sob os aspectos psicológico, social e com ênfase na orientação no campo da amamentação e puericultura.
Do ponto de vista biológico, ter sempre em mente que uma gravidez na adolescência predispõe a riscos, tais como, maior índice de malformações, abortamento espontâneo, atrasos no desenvolvimento do feto, maior índice de parto prematuro, parto cesareana e outros, fato que nos autorizam estar com um olhar muito mais atento para que as gestações em adolescentes, sobretudo naquelas com menor faixa etária, como sendo potencialmente gestações de alto risco.
Em geral as adolescentes demoram muito para descobrir e/ou comunicar que estão grávidas, por ignorância, medo ou vergonha, negligenciando os cuidados com seu estado e retardando a busca de um acompanhamento pré- natal competente.
A incidência de doenças infecciosas, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), doença hipertensiva, doenças metabólicas (entre as quais o diabetes), são mais frequentes nesta população de jovens gestantes fazendo com que o risco de morte seja 5 vezes maior, em função das complicações, tanto na gravidez, quanto no parto ou no pós-parto.
Por todas estes motivos, fica claro o importante papel do profissional da saúde na lida com a gestante adolescente e seus familiares, através de uma abordagem delicada, respeitosa , sem discriminação ou preconceitos, escutando, esclarecendo e orientando com a mais ampla disponibilidade.