Alergia à água (urticária aquagênica): conheça essa doença rara
Urticária aquagênica, conhecida popularmente como alergia à água, é um tipo de urticária física, em que o contato com a água, independentemente da temperatura ou de sua origem, provoca um vergão na pele 20 a 30 minutos após a exposição. Os sintomas duram entre 30 a 60 minutos e desaparecem espontaneamente. As lesões apresentam-se sob a forma de elevações da pele (pápulas) foliculares pequenas com coceira e vermelhidão, confundindo-se muitas vezes com as erupções típicas de urticária colinérgica, que aparecem após exercício, estresse emocional, transpiração e calor.
Essa "alergia a água" aparece especialmente no tronco e membros superiores, poupando palmas das mãos e plantas dos pés. Raramente os pacientes apresentam sintomas sistêmicos, como chiado no peito ou falta de ar. Quando esses sintomas aparecem, a urticária parece ser mais dramática, apresentando também grandes placas avermelhadas no corpo e edema.
Quem corre mais risco de apresentar o quadro?
A prevalência da alergia a água, ou urticária aquagênica, é maior no sexo feminino, especialmente durante a puberdade e pós-puberdade. Raramente tem sido associada com doenças sistêmicas como infeção por HIV e carcinoma de tireoide. Há relatos de coexistência com a síndrome de Bernard-Soulier (doença hemorrágica hereditária), o que sugere a possibilidade de associação com alteração genética, mas nenhum gene específico foi identificado até o momento.
Vale lembrar que se trata de uma doença muito rara com número de casos reduzidos descritos na literatura médica.
Mas a alergia pode acontecer em qualquer contato com água?
Há pacientes que apresentam reação dependendo da salinidade da água: ou seja, podem apresentar reação com água da torneira, neve, água doce, porém podem nadar na água do mar sem apresentar urticária. Outros pacientes podem apresentar urticária somente em contato com a água salgada.
Caso uma pessoa tome chuva ou banho, pode apresentar urticária, porém com o estabelecimento de um tratamento, os sintomas podem ser controlados.
Caso as pessoas bebam água, não irá ocorrer o desenvolvimento de urticária. Essa doença só acontece após o contato da água com a pele e não com as mucosas da boca e trato digestivo.
Causas da alergia à água
A primeira hipótese da causa desta alergia surgiu em 1960, seria a de que a água reagiria com as glândulas sebáceas formando uma substancia tóxica que estimularia a degranulação do mastócito com liberação de histamina, o que desencadearia a formação das lesões.
Em 1981 uma nova hipótese sugeriria que uma repentina mudança na pressão osmótica dos folículos pilosos, conduziria a um aumento passivo da difusão da água. Essa mudança da pressão resultaria em urticária. Hipótese recente do autor Gallo e colaboradores seria a da existência de antígenos solúveis em água na epiderme que dissolvem-se e difundem-se através da derme resultando em liberação de histamina. Mas a hipótese mais recente de Luong e Nguyen de 1998 sugere um mecanismo completamente independente da liberação de histamina causando urticária.
Como é o diagnóstico e tratamento para alergia à agua
O diagnóstico é baseado na história clínica de recorrência de urticária após a exposição à água com teste de provocação com água positivo. Este teste consiste na aplicação de tecido umedecido com água à temperatura ambiente por 20 minutos na pele. Se a urticária aparece após este período o teste é considerado positivo. É preciso diferenciar a urticária aquagênica da urticária ao calor, ao frio, por pressão e colinérgica, mas pode acontecer a associação de alergia à água com qualquer outro tipo de urticária física.
O tratamento mais usual é a utilização de anti-histamínicos de segunda geração, que são considerados não sedantes, portanto não provocam sono, e com período de duração de ação maior que os de primeira geração. Pode ser utilizada aplicação de emulsões de óleo em água e petrolato em creme para banho. Fototerapia também pode ser utilizada como terapêutica.