Lesões comuns nos joelhos de quem corre
A prática de corrida é a mais popular e acessível modalidade esportiva do mundo e com isso o número de adeptos ao esporte só tem aumentando.
Com a alta no número de corredores, consequentemente aumentam também as lesões que possuem relações com a atividade, e que independem do nível que cada um se encontra, pois existem diferentes tipos que podem afetar desde o novato até o atleta profissional. Entretanto, segundo uma revisão sistemática publicada no Sports Medicine em 2015, corredores novatos podem ser mais suscetíveis ao risco de lesão quando comparados a corredores recreacionais.
As principais lesões nos joelhos dos corredores são: a síndrome da dor fêmoropatelar, Síndrome do trato iliotibial e lesões meniscais, segundo estudo de 2014 publicado no periódico Sports medicine. A mais comum e impeditiva da prática de corrida para iniciantes é a dor fêmoropatelar, conhecida também como dor anterior no joelho, e que é comumente associada aos achados de imagem referentes à condromalácia patelar. Sabemos que os sintomas desta lesão são provenientes de alterações biomecânicas do membro inferior, principalmente na região de quadril. Estas alterações acontecem em maioria das vezes devido ao desequilíbrio muscular da musculatura do quadril e tronco, levando uma maior sobrecarga na região do joelho em alguns movimentos do dia a dia, como subir e descer escadas, e também na corrida.
Os motivos que podem levar um corredor a se lesionar também podem variar. Dentre as principais causas estão stress repetitivo, aumento do volume de treino, calçado, terreno do treino e alterações biomecânicas, sendo que esta última pode resultar em pobre absorção de choque (uso excessivo de quadríceps), pobre ?estabilidade? do quadril, pobre estabilidade de pelve e tronco, pobre estabilidade do pé.
Ao aparecimento dos sintomas, deve-se buscar o tratamento adequado para que desta forma evite uma piora na condição e também já elimine os que estão presentes e previna de problemas futuros. Vale salientar que o próprio gesto esportivo quando feito devidamente também conta para a prevenção e tratamento das lesões nas articulações.
Para tratar, as etapas basicamente são: identificação dos sintomas, avaliação funcional onde envolve reconhecimento do histórico do aparecimento dos sintomas e movimentos em que eles aparecem e qual o comportamento dos mesmos, avaliação da musculatura do membro inferior e tronco, análise da biomecânica do gesto de corrida.
Importante ressaltar que estas lesões são de caráter mecânico e somente o uso de medicação não irá trazer resultados em longo prazo. É comum encontrarmos corredores que realizaram somente o controle do quadro álgico com medicamento e voltaram a atividade sem o trabalho de recuperação adequado, apresentando recidiva dos sintomas em um curto período de tempo.
Os sintomas das lesões de característica mecânica são somente a ponta do iceberg ou melhor, o resultado final de uma cadeia de reação. O tratamento efetivo só será realizado se a causa dos sintomas for encontrada.
As diretrizes para o tratamento serão determinadas após a avaliação de todo o quadro. Dentro desta conduta é imprescindível que o tratamento se baseie em exercícios específicos e após o equilíbrio muscular adequado para que aos poucos a atividade seja liberada, já que das lesões citadas nenhuma impossibilita de vez a pessoa de correr. Ao contrário do que se pensava antigamente, as lesões do joelho não estão somente relacionadas ao impacto do movimento ao solo.
Um exemplo disso é o estudo publicado na revista Nature, em abril deste ano, demonstrando que existe uma adaptação dos discos intervertebrais à corrida, o que sugere que correr é benéfico aos mesmos.
Sabemos do poder de adaptação do corpo humano, portanto antes de medidas drásticas é preciso buscar todas as possibilidades. O nosso corpo foi feito para movimentar, e a falta de movimento é que irá nos prejudicar.