Redução da mortalidade infantil acelerou na última década
Entre 1990 e 2011, o número de mortes de crianças com menos de cinco anos caiu de 12 milhões para 6,9 milhões ao ano
Um informe do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostra que, desde 1990, o mundo fez avanços rápidos para reduzir a mortalidade infantil. Segundo as estimativas divulgadas em um relatório anual nesta quinta-feira, o número de mortes de crianças com menos de cinco anos caiu de quase 12 milhões em 1990 para 6,9 milhões em 2011. E a redução acelerou durante essas duas décadas: entre 2000 e 2011, a taxa anual de redução foi de 3,2%, comparado a 1,8% entre 1990 e 2000.
Os autores do estudo destacaram que esses avanços foram constatados tanto em países de renda baixa quanto de média e alta, o que significa que o nível de desenvolvimento econômico não é necessariamente um obstáculo para combater a mortalidade infantil.
Embora tenha comemorado os avanços, o diretor-geral da organização, Anthony Lake, lembrou que milhões de crianças continuam morrendo anualmente por conta de doenças evitáveis. Segundo o estudo, 19.000 crianças morrem por dia - 40% delas no primeiro mês de vida. "Estas vidas poderiam ser salvas com vacinas, alimentação adequada, bem como com cuidados médicos elementares para crianças e suas mães", afirmou Anthony Lake.
Por região - A mortalidade de crianças menores de cinco anos se concentra cada vez mais na África subsaariana e no sul da Ásia, que somaram mais de 80% dos óbitos nessa faixa etária em 2011. Em média, uma em cada nove crianças morre antes dos cinco anos na África subsaariana.
Metade das mortes aconteceu em cinco países: República Democrática do Congo, Índia, Nigéria, Paquistão e China. As principais causa de morte são a pneumonia, complicações no parto prematuro e diarreia, que somam 43% dos casos.
Em junho de 2010, a ONU pediu para transformar em prioridade o combate à mortalidade infantil e o fomento à saúde materna. Os temas estão entre os oito que fazem parte dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, que devem ser cumpridos até 2015. Adotados em 2000, eles incluem a redução à metade da pobreza, redução das grandes pandemias, queda da mortalidade infantil e do analfabetismo, bem como conseguir a igualdade entre os sexos, a melhoria da saúde materna e a proteção ao meio ambiente. O oitavo é a criação de uma associação mundial para o desenvolvimento.
Meta antecipada
Com quatro anos de antecedência, o Brasil atingiu uma das Metas do Milênio da Organização das Nações Unidas (ONU), a que se refere à redução da mortalidade infantil até 2015. A queda de mortes registrada no País em 2011 foi uma das cinco maiores do mundo. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Banco Mundial e OMS.
Em 2000, a ONU fixou metas sociais para os países e deu 15 anos para que governos chegassem perto dos objetivos. A base de comparação é o ano de 1990. No caso do Brasil, a meta era de que as 58 mortes registradas para cada mil crianças em 1990 fossem reduzidas para 19 por grupo de mil em 2015. Mas, ao final de 2011, a taxa já era de 16 para cada mil crianças.
Em 1990, 205.000 crianças com menos de 5 anos morreram no País. Em 2011, foram 44.000 - uma queda de 73%, que apenas quatro outros países superaram. Apesar de ter atingido a meta, o Brasil ainda está distante dos índices de países ricos. Na Itália, em Portugal e na Espanha, a proporção de crianças que morrem é de apenas um quarto da taxa brasileira. Em 2011, 6,9 milhões de crianças morreram no mundo antes de completar 5 anos. Em 2000, essa taxa era de 12 milhões.
Melhor atendimento médico, crescimento da renda familiar, expansão dos serviços de saúde, como ampliação da cobertura de vacinas e antibióticos, são os motivos do avanço brasileiro. "?Atingir a meta estabelecida pela ONU antes do prazo é uma grande vitória. Nos últimos dez anos, o esforço do Ministério da Saúde de levar profissionais para cada canto do País ajudou a reduzir pela metade a mortalidade infantil. Mas queremos avançar ainda mais, com a Rede Cegonha, reforçando a qualidade no pré-natal e na assistência ao parto, e a expansão das UTIS neonatais?", afirmou o ministro Alexandre Padilha.