Bisfenol A pode alterar esmalte dos dente
Uma exposição precoce ao bisfenol A (BPA) pode afetar o esmalte dos dentes, revela um estudo do Instituto Francês de Saúde e Pesquisa Médica (INSERM) realizado com animais.
Os incisivos de ratos tratados com baixas doses diárias (5 microgramas/kg/dia) de BPA podem sofrer alterações, destacam os pesquisadores do INSERM em trabalhos publicados no American Journal of Pathology.
As crianças afetadas por esta patologia têm dentes hipersensíveis à dor e são mais propensas às cáries.
O período de formação dos dentes (primeiros anos de vida) corresponde ao período no qual o indivíduo é mais sensível ao bisfenol A, destaca o INSERM.
A análise das proteínas da matriz dos dentes de ratos revelou um aumento da quantidade de enamelina, uma proteína chave do esmalte em formação, e o acúmulo de albumina, que se traduz na hipomineralização.
O estudo concluiu ainda que há dois genes — enamelina e calicreína 4, que são afetados pelo BPA.
"Na medida em que o BPA tenha o mesmo mecanismo de ação tanto em ratos como em humanos, poderia ser o agente causador do MIH", disse Sylvie Babajko, diretora de pesquisa do INSERM e coautora do estudo.
Desta forma, os dentes poderão ser utilizados como marcadores precoces da exposição às alterações endócrinas ligadas ao BPA e ajudar no diagnóstico de patologias pesadas que surgem anos depois, destaca Babajko.
O bisfenol A (BPA) é um composto químico encontrado na composição de plásticos e resinas utilizados na fabricação de recipientes para alimentos como garrafas e mamadeiras. Também está presente em películas de proteção no interior de garrafas e em latas de conservas.
Estudos recentes com cobaias revelaram que este composto industrial tem efeitos nefastos na reprodução, no desenvolvimento e no metabolismo de animais, lembra o INSERM.
Como medida de precaução, a Europa proibiu a fabricação e comercialização de mamadeiras com bisfenol A desde janeiro de 2011 e a mesma decisão será aplicada a recipientes de alimentos a partir de julho de 2015 na França.