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27/06/2013

 

Uso de antidepressivos na gravidez ′pode trazer riscos para fetos
Uso de antidepressivos na gravidez ′pode trazer riscos para fetos
Grávidas com depressão leve ou moderada deveriam evitar tomar antidepressivos. Essa é a nova orientação que será adotada pelo órgão que dá diretrizes aos médicos britânicos, que antes alertava para o risco de um só tipo desse medicamento. A mudança foi tomada após evidências mostrarem que Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (SSRIs, na sigla em inglês) podem dobrar os riscos de que bebês nasçam com malformações no coração, de acordo com Stephen Pilling, do Nice (National Insittute for Health and Care Escellence). Até o momento, a orientação oferecida pelo Nice advertia médicos contra o uso de apenas um tipo de SSRI no início da gravidez - a droga paroxetina. Pilling disse que a orientação em relação a esse grupo de medicamentos vai ser alterada. — As evidências disponíveis sugerem que existe um risco associado às SSRIs. Nos esforçamos bastante para dissuadir mulheres de fumar ou beber, mesmo pequenas quantidades de álcool, durante a gravidez, mas não estamos dizendo o mesmo em relação à medicação antidepressiva, que implica riscos similares — senão maiores. Ansiedade Oito mulheres entrevistadas pela BBC que tomaram SSRIs durante a gravidez tiveram bebês com malformações cardíacas sérias. Entre elas está Anna Wilson, do condado de Ayrshire, na Escócia. Quando ela fez um ultrasom na vigésima semana de gravidez, os médicos descobriram que seu bebê tinha um problema sério no coração e precisaria de uma cirurgia imediatamente após o parto. Durante as cinco primeiras semanas de vida, David, hoje com oito meses, precisou ficar no hospital auxiliado por máquinas. Antes de começar a ir à escola, terá de passar por outra operação e, segundo os médicos, é possível que ele não viva além dos 40 anos. — Existe muito sofrimento no caminho dele′, disse sua mãe. ′E essa é uma certeza terrível. “Paciente com depressão tem medo de ser tachado de louco”, diz especialista Quatro anos antes de ficar grávida, Anna estava sofrendo de ansiedade. O clínico geral receitou-lhe a droga Citalopram. Quando ela decidiu tentar engravidar, o médico disse que ela poderia continuar usando o medicamento. Mas após o nascimento de David, Anna quis saber o que poderia ter causado o problema no coração do bebê. — Consultamos um cardiologista quando fizemos um dos exames de ultrasom e ele explicou que, pelo que sabia, não havia fatores ambientais e (o problema no coração do bebê) não era consequência de nada que tínhamos feito. Ele disse que essas coisas eram assim mesmo, não havia como prever. Riscos dobrados Segundo Pilling, o risco de que qualquer bebê nasça com uma anomalia no coração é dois em cada cem. Mas de acordo com as evidências, se a mãe toma SSRIs no início da gravidez, esse risco aumenta para quatro em cada cem. Para o especialista, mulheres que não estão sofrendo de depressão séria e que estão tomando a droga no momento em que engravidam estão correndo riscos desnecessários. —O risco é duas vezes maior. E para mulheres com depressão leve ou moderada, não acho que valha a pena correr esse risco. Pilling disse também que a orientação não é válida apenas para mulheres que já estão grávidas. — Acho que isso precisa ser considerado no caso de uma mulher que poderia engravidar - ou seja, a maioria das mulheres com idades entre 15 e 45 anos. Anna nunca saberá com certeza o que provocou a malformação no coração do seu filho, mas disse que teria parado de tomar o remédio se soubesse que havia riscos, ainda que mínimos. —Se o problema de David poderia ter sido evitado e não foi, isso é terrível. Defesa Um fabricante contactado pela BBC negou qualquer vínculo entre os medicamentos e malformações no feto. O laboratório Lundbeck, fabricante do medicamento Citalopram, disse que uma análise recente da literatura científica concluiu que ′a droga não parece estar associada a um aumento nos riscos de malformações fetais′. —A decisão de não receitar antidepressivos para uma mulher que está deprimida (...) pode gerar mais riscos para a mulher e o feto do que os riscos da exposição ao medicamento.

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