Secretário David Uip diz “torcer”, mas não acredita em solução com Mais Médicos
Empossado na manhã desta quinta-feira (5) no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, o médico infectologista David Uip disse “torcer” para que o programa Mais Médicos, do governo federal, dê certo, mas reforçou uma opinião de que é preciso outro tipo de remédios para melhorar o sistema de saúde no País.
Na visão de Uip, a proposta do programa não resolve pontos mais sensíveis no que diz respeito à falta de profissionais e de infraestrutura. Todavia, o novo secretário – que substituiu o anterior, Giovanni Guido Serri.
— Toda a iniciativa pró-saúde, eu estou do lado. A minha posição é que saúde se faz com trabalho no dia a dia, se faz com investimento, com a multidisciplinaridade, um médico sozinho não vai resolver.
Nós precisamos de um contexto de profissionais, bem pagos, um plano de cargos e carreiras, tentando entender a saúde de uma forma mais global. É nisso que eu acredito.
David Uip não vê falta de médicos dispostos a preencher vagas nos rincões brasileiros, mas sim a ausência de um conceito que leve a uma correção na gestão e prática da medicina. E ele deu um exemplo de algo que, na sua visão, não mudará com a chegada de profissionais vindos do exterior no Brasil.
Vi outro dia uma moça de 40 anos que saiu com um encaminhamento depois de um diagnostico de câncer de útero. Dois meses depois, ela não tinha sido atendida, e isso é conceitual. O individuo que encaminha tem que ser responsável pelo agendamento.
Na hora que você dá um pedido para uma pessoa e fala “procure”, acaba dessa maneira. O aparelho de radioterapia estava quebrado em um, no outro. É conceitual, quase cultural. É do começo ao fim (a necessidade de cuidar das pessoas).
Durante a sua entrevista coletiva, concedida aos jornalistas, o novo secretário de Saúde de São Paulo evitou ainda entrar em atrito com Alexandre Padilha, atual ministro da Saúde do governo Dilma Rousseff. Não escondeu, contudo, o seu desacerto com a principal bandeira da pasta no âmbito federal nos últimos meses.
— Espero que dê certo. A minha posição todos conhecem porque está divulgada. Acho que não é isso que resolve a saúde (...). O tempo vai dizer qual é a melhor forma.