Gastrite: uma epidemia silenciosa
Dor e queimação no estômago estão se tornando queixas cada vez mais comuns entre a população brasileira. O estilo de vida corrido, aliado a uma má escolha dos alimentos à mesa, formam o cenário ideal para o aparecimento de uma doença conhecida, porém ainda carente de diagnóstico e tratamento corretos: a gastrite.
Calcula-se que hoje já são mais de 2 bilhões de pessoas no mundo todo, homens e mulheres de diferentes idades, que sofrem com os sintomas mais característicos da doença. E esse número tende a crescer já que “a forma mais comum de se adquirir uma gastrite é ingerir água ou alimentos contaminados pela bactéria chamada helicobacter pylori, o que ocorre, quase sempre, durante a infância ou adolescência”,explica o gastroenterologista Laércio Tenório Ribeiro, membro da Federação Brasileira de gastroenterologia (FBG).
Uma vez alojada no estômago fica difícil para o nosso organismo eliminar totalmente essa bactéria. E este tem sido o maior desafio entre os gastroenterologistas, que utilizam de um arsenal medicamentoso e um importante plano de reeducação alimentar para proteger o órgão desse agressor implacável.
“Embora não haja necessidade absoluta de restrições alimentares, sugerimos que a pessoa com gastrite evite ingerir alimentos excessivamente picantes ou aquele tipo de comida já sabido que causará os sintomas”, resume o médico Ribeiro.
A gastrite é reconhecida pela dor altamente incômoda e pela queimação que provoca. Se não for tratada, pode se transformar em úlcera.
Afinal, por que o estômago queima?
A inflamação da mucosa do estômago já é bastante conhecida pelos brasileiros, que reclamam de sintomas como dor e queimação constantes. O que poucos sabem é que a maioria dos casos é decorrente de uma infecção provocada por um micro-organismo chamado Helicobacter pylori (H. pylori).
Descoberta na década de 1980, a bactéria é comumente ingerida ainda na infância ou adolescência por meio de água ou alimentos contaminados. “Uma vez no estômago, o H. pylori irá desencadear um processo inflamatório agudo, que poderá se manifestar pelo surgimento de dor ou desconforto no epigástrio, localizado na boca do estômago, podendo estar associados a náuseas e vômitos”, explica o médico gastroenterologista Laércio Tenório Ribeiro, membro de Federação Brasileira de gastroenterologia (FBG).
No momento de crise aguda é raro que o médico gastroenterologista desconfie de uma infecção bacteriana. O mais comum é os sintomas regredirem espontaneamente, dando início a um quadro conhecido como gastrite crônica. “O problema é que a bactéria se aloja no interior das criptas da mucosa gástrica e do muco gástrico, o que dificulta a sua total eliminação pelo organismo”, diz Ribeiro. E até mesmo o ácido gástrico, cujo papel principal é ser um a primeira barreira contra a passagem de micro-organismos para o intestino, torna-se incapaz de conter a bactéria. Esse ácido precisa se manter em equilíbrio com a mucosa para conseguir impedir o desenvolvimento da doença.
Mas é bom que se diga, o estômago tem poucos inimigos tão implacáveis quanto o Helicobacter pylori. Outros fatores que podem agredir a mucosa digestiva e provocar desconforto dependerão de quatro possibilidades:
Sensibilidade da própria mucosa;
Baixa imunidade do organismo;
Intolerância a algum nutriente específico;
Falta de moderação na hora de comer.