Enxaqueca na gravidez: melhora ou piora? O que fazer?
Muitas mulheres podem sofrer de enxaqueca pela primeira vez na gravidez, em especial no primeiro trimestre, devido às alterações hormonais. Por outro lado, com o passar dos meses de gestação, as crises de dor podem melhorar ou até desaparecer. Não é incomum ter dor de cabeça na gravidez, em especial no primeiro trimestre. Os especialistas não sabem exatamente por que isso acontece, mas apostam nas mudanças hormonais que revolucionam seu corpo, e nas alterações na circulação sanguínea.
Um estudo realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) analisou cerca de 1.101 gestantes com e sem dor de cabeça. O resultado mostrou que 63% das que tinham enxaquecas preexistentes (de um total de 993) melhoraram do quadro de dor principalmente nos últimos três meses de gestação. E novamente a ‘culpa’ é dos hormônios. “O estrogênio em níveis baixos pode favorecer o aparecimento da dor de cabeça. E nessa fase da gravidez ele está aumentado, o que garante a ‘proteção’”, diz Eliana Meire Melhado, neurologista e membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia.
Depois que o bebê nasce, no entanto, a tendência é a de que tudo volte como antes. “Após o parto, o nível de estrogênio cai muito e as crises podem voltar iguais ao que eram, com menos intensidade ou piora. Para quem teve a gravidez como fator desencadeante, talvez seja preciso um tratamento depois”, afirma.
Tratamento
Para a especialista, o ideal é que a mulher que já tem enxaqueca e pretende engravidar faça um tratamento preventivo, para cessar com a medicação antes de esperar o bebê. Porém, se isso não for possível, ou ainda que o problema apareça na gestação, é fundamental investigar e tratar.
Segundo Eliana, há remédios seguros para serem usados na gravidez. Mas só em quadros mais graves, em que a mulher se sente muito mal e tem náuseas, vômitos, que pode levar à desidratação e prejudicar o bebê. “Nessas situações, é mais prejudicial a mulher sentir dor que tomar um medicamento”, diz. E sempre com orientação do especialista. “Jamais a grávida deve se automedicar”, afirma. Deixar de consumir bebidas ricas em cafeína (o que é muito positivo para a gravidez) pode ter o efeito colateral de acabar provocando dor de cabeça. Entre outros possíveis responsáveis pela dor estão o cansaço permanente, a congestão nasal, o estresse e a fome. Se você sempre teve uma tendência às cefaleias, a gestação pode agravar o problema.
Antes dos medicamentos, no entanto, há outras alternativas que podem amenizar a dor. “Fisioterapia, hidroterapia, dieta balanceada, hidratação e exercícios são bons aliados contra a enxaqueca”, diz Eliana. Evite também cheiros fortes, alguns alimentos e ficar em jejum por muito tempo.
A boa notícia é que, para a maioria das mulheres, as dores de cabeça da gravidez tendem a diminuir ou ir embora no segundo trimestre. Os médicos acreditam que isso acontece porque o fluxo de hormônios se estabiliza, e o corpo se acostuma às alterações químicas que sofreu.