Autocuidado para vencer o câncer de mama
Desde 2008, as cidades se colorem de rosa durante o mês de outubro para alertar as mulheres sobre a importância do autocuidado em relação ao câncer de mama – o segundo tipo mais frequente no mundo. O movimento Outubro Rosa é feito de pessoas para pessoas: grupos de pacientes, organizações e vitoriosas da doença vão às ruas para chamar a atenção ao tema e lutar pelo acesso de todas ao diagnóstico precoce e ao tratamento ágil e qualificado, dois fatores que contribuem para o bom prognóstico de cura.
Neste ano, a campanha elegeu como tema a Lei dos 60 Dias, em vigor desde 23 de maio do ano passado, que determina que o tempo entre o diagnóstico do câncer e o início do tratamento não ultrapasse os dois meses.
“O tempo não espera ninguém, muito menos quem tem câncer”, justifica a mastologista Maira Caleffi, presidente da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) e do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama).
O câncer de mama não é algo que se possa prevenir. Por isso, não se fala mais em evitá-lo, mas em diminuir os riscos. Há fatores como a má alimentação e o sedentarismo, que tornam as mulheres mais suscetíveis à doença – e que podem ser controlados, conforme a médica.
O Outubro Rosa tem causado mobilização popular e engajamento, mas, mais do que isso, cumpre um papel fundamental: fazer as pessoas falarem sobre o assunto. Do ano passado para cá, conforme dados do Instituto Neo Mama de Combate ao Câncer de Mama, o número de mamografias aumentou em 40% no Sistema Único de Saúde (SUS).
“É preciso acabar com o discurso de ‘quem procura acha’. O diagnóstico precoce é capaz de estacionar a doença e tornar cada vez mais mulheres vitoriosas na luta contra o câncer”, afirma a enfermeira e presidente do Neo Mama, Gilze Francisco, com a propriedade de quem já venceu a sua própria batalha, em 2000, depois de ter um câncer diagnosticado.
Para que mais mulheres fiquem atentas a esse problema e se cuidem, a reportagem preparou um guia de alerta ao câncer de mama.
Quais são os principais sintomas da doença?
O principal sintoma do câncer de mama é o nódulo no seio ou na axila, que pode ou não vir acompanhado de dor. Alterações na pele, como sulcos, retrações e feridas também podem ser indícios da doença. Se o mamilo produzir uma secreção sanguinolenta, é um sinal de alerta. É importante conhecer bem a própria mama para identificar rapidamente.
Quais são os fatores de risco?
O câncer de mama acomete mais as mulheres (apenas 1% dos casos ocorre em homens). O histórico familiar é um fator de risco, especialmente se um parente de primeiro grau (mãe ou irmã) teve a doença antes dos 50 anos – estima-se que 10% dos casos sejam de origem genética. A incidência aumenta com a idade, sendo necessária mais atenção a partir dos 40 anos. Se menstruou muito cedo (antes dos 12 anos) ou entrou na menopausa muito tarde (após os 50), atente à possibilidade. Não ter filhos também é um fator de risco. A doença é associada à utilização, por muito tempo, de anticoncepcionais orais com dose elevada de estrogênio, excesso de peso e consumo frequente de álcool.
Com que idade devo fazer os exames?
A mamografia deve ser realizada a partir dos 40 anos, anualmente. Porém, mulheres com histórico de câncer de mama na família devem fazer o exame desde os 35, também uma vez por ano.
Quais são os tipos de exames disponíveis?
As formas mais eficazes de detectar a doença são o exame clínico da mama – realizado por médico ou enfermeira treinados e capazes de identificar tumores de um centímetro, se superficiais – e a mamografia, radiografia da mama que acusa lesões milimétricas. Normalmente, o exame clínico antecede a mamografia – e os benefícios de ambos se referem a cerca de 30% de diminuição da mortalidade em mulheres acima dos 50 anos. O Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC) recomenda o autoexame em frequência mensal, na semana seguinte ao término da menstruação. Quem já está na menopausa deve selecionar sempre o mesmo dia do mês.
É possível reduzir os riscos do câncer?
Mulheres mais ativas, de acordo com um estudo realizado pela Strathclyde Institute for Global Public Health, da França, reduzem em 12% os riscos de desenvolver câncer de mama. Portanto, pratique exercícios físicos. Se você tem filho em idade de aleitamento materno ou está grávida, saiba que amamentar também é uma forma de prevenir o câncer, segundo o Ministério da Saúde. Evite o estresse: pesquisas associam situações de ansiedade, medo e isolamento a maior risco de desenvolver a doença. Adotar uma alimentação saudável também é uma boa maneira de prevenção. O controle da obesidade pode diminuir a incidência em 30%, conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca).