saiba quando o suplemento faz mal à saúde
O suplemento alimentar whey protein é febre entre os frequentadores de academia que querem ganhar massa muscular. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Produtos Nutricionais (Abenutri), existem cerca de 10 000 postos de comércio de suplementos — e o whey protein é responsável por 60% das vendas.
Durante o exercício físico, os músculos sofrem pequenas lesões, que são “curadas” pelas proteínas sintetizadas por células do tecido muscular durante a atividade física. Acredita-se que o consumo de whey protein — elaborado a partir da proteína extraída do soro do leite — acelere esse processo e potencialize o aumento da massa magra.
Quando a proteína entra no corpo, ela é quebrada por enzimas e transformada em partículas menores, os chamados aminoácidos. O organismo necessita de 1 a 1,4 grama de proteína por quilo de peso por dia para desempenhar todas as suas funções e promover o crescimento muscular. Uma quantidade superior a essa, adquirida pela alimentação ou pelo whey protein, não oferece nenhum benefício ao corpo. “O consumo superior de proteína só é necessário para atletas de alta performance, que praticam atividade física muito intensa”, diz Bruno Halpern, endocrinologista e coordenador do Centro de Controle do Peso do Hospital 9 de Julho, em São Paulo.
Músculo — O whey oferece apenas um tipo de aminoácido, o que não é o ideal para o crescimento muscular. “Num prato de comida, por exemplo, você pode encontrar até onze tipos de aminoácidos. Por isso, a proteína obtida pela alimentação é mais saudável e até melhor para a regeneração muscular do que a do whey”, afirma Claudia Cozer, endocrinologista e coordenadora do Núcleo de Obesidade e Transtornos Alimentares do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
De acordo com os especialistas ouvidos pelo site de VEJA, o suplemento não deve ser consumido por conta própria, mas prescrito por médicos ou nutricionistas. Em excesso, ele pode causar malefícios ao organismo.
Problemas renais
O excesso de proteína é excretado pelo organismo. Nesse processo, os rins são obrigados a trabalhar mais, o que, a longo prazo, pode causar insuficiência e cálculo renal. Para pessoas acima dos 18 anos, a necessidade de proteína é de 1 a 1,4 grama por quilo, em média. "Essa quantidade pode ser obtida por meio da alimentação”, diz Claudia Cozer, endocrinologista e coordenadora do Núcleo de Obesidade e Transtornos Alimentares do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. "Uma medida de whey tem, mais ou menos, de 25 a 30 gramas de proteína, e tem gente que toma mais de uma vez por dia." Como a pessoa ingere outras fontes de proteína por meio dos alimentos, pode facilmente ultrapassar a necessidade diária e sobrecarregar os rins.
Inchaço
Ainda relacionado à sobrecarga do rim, o consumo exagerado de proteína pode levar ao inchaço do corpo. “Muitas pessoas acham que esse inchaço é decorrente do músculo que cresceu por causa do whey. Mas, como o rim está trabalhando demais, o controle hídrico do organismo fica prejudicado e o organismo começa a reter líquido, causando essa sensação”, diz Paulo Correia, fisiologista e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Acne
Uma recente pesquisa brasileira constatou que o consumo de whey protein pode aumentar a incidência de acne. De acordo com o estudo, todos os participantes, depois que tomaram o whey, começaram a apresentar o problema. “Isso pode ser explicado porque a proteína do leite contém substâncias que elevam a incidência de acne. No whey protein, elas estão ainda em maiores quantidades”, explicam os autores.
Envelhecimento precoce
As bactérias do intestino modificam o seu funcionamento quando há muita proteína no órgão. Esse processo faz com que elas produzam uma alta quantidade de radicais livres, substâncias relacionadas ao envelhecimento celular.