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20/01/2015

 

No verão, cuidados devem ser redobrados com dietas em jejum
No verão, cuidados devem ser redobrados com dietas em jejum
No verão, cuidados devem ser redobrados com dieta que propõe jejum A dieta, que indica dois dias de "jejum", até ajuda a emagrecer, mas não dá bons resultados a longo prazo Com a chegada do verão, surge a vontade de emagrecer e, para alcançar este objetivo, muita gente opta por seguir alguma dieta da moda. A última da vez é a "A dieta dos 2 dias" (Editora Sextante), criada pelo médico e produtor Michael Mosley e a jornalista Mimi Spencer, que propõe dois dias de "jejum" – homens devem consumir 600 calorias, mulheres 500 – e uma alimentação normal, mas sem exageros, nos outros cinco dias. Com os termômetros marcando temperaturas elevadas, é preciso ter cuidado redobrado para seguir essa dieta no verão, já que, segundo nutrólogos ouvidos pelo UOL, há riscos de seguir uma dieta restrita nesta estação. O jejum prolongado associado ao calor, por exemplo, pode provocar queda de pressão. "Ao adotar uma dieta com baixa quantidade de sódio em dias mais quentes, a pessoa pode ter queda de pressão no meio da rua e até mesmo ter uma queda grave", diz a nutróloga Liliane Oppermann. Um dos principais problemas para Durval Ribas Filho, presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), é que o calor promove uma perda significativa de água e eletrólitos, como potássio, magnésio e sódio, portanto é necessário ficar atento para repor os líquidos. Os idealizadores da dieta pregam que o jejum acelera o metabolismo, fazendo com que organismo queime mais gordura. No entanto, esse choque metabólico não é consenso entre os especialistas. "O ser humano não foi programado para perder peso. Quando um paciente faz uma dieta muito drástica, o corpo cria um mecanismo de armazenar calorias para proteção e isso deixa o metabolismo mais lento. Portanto, nem sempre o jejum ajuda a acelerar a queima calórica", diz a nutróloga. Compulsão e outros riscos Nos dias de jejum, a dieta recomenda fazer apenas duas refeições ("mini-almoço" e jantar), já que a quantidade de calorias disponíveis no dia é pequena - - para ter uma ideia, 500 calorias correspondem a um sanduíche com queijo cheddar e 600 calorias é um milk-shake de chocolate. Ainda assim os nutrólogos recomendam fracionar as refeições mesmo nesses dias. "Fracionar as calorias é fundamental, pois é um mecanismo fisiológico para evitar a fome. O ideal é não ficar mais de três horas sem comer, mas para isso é preciso buscar alimentos com baixo teor calórico para montar o cardápio", afirma Filho. Segundo a professora da academia Bio Ritmo Larissa Kussano, a indicação é não praticar nenhum tipo de atividade física nos dois dias de jejum. "É arriscado praticar algum exercício, pois o glicogênio já está sendo usado para manter as funções normais do corpo. Fazer um dia de jejum e ainda ir para academia pode resultar em tontura e hipoglicemia (baixa concentração de glicose no sangue)", alerta. Além de afetar o corpo, o jejum também pode causar problemas no trabalho e nos relacionamentos. "Como a dieta é drástica alguns sintomas podem atrapalhar o dia a dia, como a visão ficar turva, ter taquicardia, ficar muito mal humorado, estressado e irritadiço. Não há risco de desnutrição, mas de ter alguns sintomas que vão deixar o paciente incapacitante provisoriamente", diz Opperman. Para quem tem tendência a compulsão alimentar, jejuar pode ser o gatilho para ter episódios compulsivos. "O jejum é agressivo fisicamente e emocionalmente. O paciente pode acabar tendo uma crise, comer em excesso, desenvolver arrependimento e provocar bulimia", afirma a nutróloga. O episódio de compulsão se caracterizada quando a pessoa, mesmo saciada, continua comendo. "Nosso corpo dá sinal de saciedade, mas mecanismos emocionais confundem isso e a pessoa come para preencher o ′vazio′. Às vezes acaba até vomitando por uma questão de espaço, ela já comeu tanto que não cabe mais nada", afirma. Questão matemática Quem resolver adotar a dieta precisa ter atenção ainda nos outros cinco dias em que deve se alimentar normalmente. Os criadores recomendam seguir um plano alimentar de 2.000 calorias durante esses cinco dias, mas defendem que não é necessário ficar contando calorias o todo tempo. Para Filho, a questão é matemática, já que para emagrecer um quilo é necessário eliminar de 7.000 a 9.000 calorias, é preciso tomar cuidado com o que vai ao prato diariamente para não colocar a dieta a perder. "O paciente deve fazer uma análise com um médico para detectar a quantidade de calorias que necessita para passar um dia. Por exemplo, uma pessoa precisa de 1.600 calorias para que nem ganhe peso, nem perca. Com base nesse cálculo, feito com calorimetria indireta e bioimpedância, ele vai conseguir emagrecer nos dias de jejum", explica o presidente da Abran. Nesses cinco dias, a atividade física está liberada. Kussano indica a musculação, para evitar a perda de massa magra durante o emagrecimento, e atividades intensas e intervaladas. "Os exercícios intensos geram mais mudança metabólica, importante para emagrecer. O aluno pode intercalar corridas com trote, circuitos que envolvem musculação e corrida, pois essa alternância mantém a frequência cardíaca elevada", ensina. Reeducação alimentar Os especialistas ouvidos pelo UOL concordam que a dieta ajuda a emagrecer, mas que não dá bons resultados a longo prazo por não ser uma reeducação alimentar. "Essa dieta não atua no cotidiano, não reeduca os hábitos do paciente, portanto dificilmente ele conseguirá manter o que tiver emagrecido. Hoje, nosso maior desafio não é emagrecer o paciente, mas sim mantê-lo magro", diz Opperman. Portanto, para evitar o "efeito sanfona", a nutróloga indica uma dieta personalizada e estruturada para que a pessoa possa corrigir o que faz de errado e não engordar novamente. Para emagrecer mais rápido, Opperman também aconselha praticar mais atividade física. "O paciente pode fazer uma dieta de 1.200/1.400 calorias diárias, que não tem um cardápio restritivo, e aumentar o tempo que passa na academia para aumentar o gasto calórico", afirma.

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