Álcool é 114 vezes mais letal que maconha, diz estudo
Novo estudo indica que a maconha é menos letal do que o álcool
Um estudo divulgado na publicação científica Scientific Reports, subsidiária da revista Nature, mostra que a maconha é 114 menos letal do que o álcool. A pesquisa procurou quantificar o risco de morte associado ao uso de várias substâncias tóxicas e descobriu que a maconha, proibida em tantos países é, de longe, a droga mais segura.
Em vez de focar na contagem de mortes, como em outras pesquisas, os autores do relatório compararam as doses letais de cada substância com a quantidade consumida por uma pessoa comum.
Os cientistas deixam claro que o uso de maconha "não é seguro", mas que estudos têm descoberto que o consumo da droga é "de fato mais seguro do que o do álcool".
Ao listar as drogas mais mortais, a maconha aparece no final da lista, enquanto álcool, heroína, cocaína e tabaco lideram. A maconha, inclusive, é a única que representa um risco de mortalidade baixo entre os usuários, apesar de não ser inexistente.
Os autores do estudo são os cientistas alemães Dirk W. Lachenmeier, de Karlsruhe, e Jürgen Rehm, de Dresden, mas atualmente diretor do Departamento de Pesquisa Epidemiológica e Social (SER) e do Centro de Dependência e Saúde Mental, em Toronto, no Canadá.
A pesquisa foi apoiada pela polícia do Colorado, o primeiro estado americano a legalizar a droga. Autoridades de segurança estadual comunicaram recentemente que durante o primeiro ano sob a nova legislação tudo transcorreu normalmente e que o trabalho policial ficou praticamente inalterado.
Maconha queima neurônio? PARCIALMENTE VERDADE: estudos comprovam que fumar maconha antes dos 15 anos de idade diminui o QI, mas essas mesmas pesquisas mostram que, após os 20 anos, a maconha não traz problemas cognitivos. "Essa diferença tem a ver com a maturação do cérebro, porque na adolescência ele ainda está terminando de se formar. Entre os 15 e os 20 anos é uma faixa nebulosa, onde não foi possível comprovar qual o impacto. Ainda assim, consideramos uma idade de risco", explica Thiago Marques Fidalgo, psiquiatra do Hospital A.C.Camargo
Maconha não vicia? MITO: apesar de ser uma droga com baixa incidência de dependência, ela tem sim potencial para viciar seus usuários. Estima-se que 10% dos que experimentam maconha acabem se tornando dependentes; o número para quem experimenta heroína chega a 90%. "Em geral, quem começa mais cedo tem mais risco de se tornar dependente, assim como de desenvolver quadros psicóticos, de alucinações e delírios", informa Thiago Marques Fidalgo, psiquiatra do Hospita
Todo remédio tarja preta vicia? VERDADE: são identificados com uma tarja preta na embalagem os remédios benzodiazepínicos, como Rivotril, Lexotam, Diazepan, Frontal, Valium e Dormonid, que têm potencial para causar dependência, além de prejudicar a memória e estarem relacionados a quedas em idosos. Portanto, sua venda é controlada e a receita fica retida na farmácia. Mas isso não significa que os demais medicamentos sejam seguros. "As anfetaminas causam muito mais dependência e não são ′tarja preta′. E há ainda outras substâncias perigosas. O zolpidem, por exemplo, tem mecanismo de ação muito semelhante aos benzodiazepínicos, mas é vendido com receita normal", afirma o psiquiatra Ivan Mario Braun
O álcool aumenta o efeito dos calmantes/ansiolíticos? VERDADE: álcool e calmantes são dois tipos de drogas que atuam no cérebro como depressores do sistema nervoso central e, por isso mesmo, jamais devem ser usados juntos, alerta a psiquiatra Camila Magalhães, do Grupo de Estudos de Álcool e Drogas do Hospital da Clínicas da USP. "Eles estimulam um neurotransmissor que inibe as funções cerebrais. Usados juntos, há uma potencialização do efeito, aumenta-se o poder de sedação e isso pode levar até a uma parada cardiorrespiratóriaFumar cigarro é pior para a saúde que maconha? VERDADE: claro que os efeitos vão depender dos hábitos de consumo, mas, de forma geral, o cigarro é pior porque tem um número muito mais elevado de substâncias tóxicas, afirma Thiago Marques Fidalgo, psiquiatra do Hospital A.C.Camargo: "Essas substâncias do cigarro causam alto índice de câncer nas vias aéreas e provocam um forte vício". Além disso, há quem fume mais de um maço de cigarro por dia, quantidade difícil de ser consumida por um usuário de maconha.