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04/04/2015

 

Fumantes são mais propensos a sofrer com depressão, ansiedade e estresse
Fumantes são mais propensos a sofrer com depressão, ansiedade e estresse
O cigarro está ligado à sensação de bem-estar para o fumante. E essa afirmação está tão bem estabelecida, que fica difícil acreditar quando surge um estudo relacionando o cigarro a mais casos de ansiedade e depressão. E foi justamente isso que um estudo recente da University College London e da British Heart Foundation, divulgado em março de 2015 comprovou. Ao analisar 6.500, fumantes ou não fumantes, perceberam que os fumantes tinham 70% mais chances de terem esses problemas. Mas por que fumar pode estar relacionado com maior ansiedade e depressão? As explicações são por um lado científicas e vamos fazê-las em duas etapas: -1. A nicotina se liga a receptores cerebrais relacionados à dopamina;2. Quando há esta ligação, existe liberação de dopamina no cérebro e consequente sensação de bem estar;3. Quando acaba o efeito da nicotina, há diminuição da liberação da dopamina, diminuição da sensação de bem estar;4. Com a diminuição da sensação de bem estar vai ser produzida uma sensação de ansiedade em relação a mais liberação de dopamina, e isto significa fumar o próximo cigarro Por este mecanismo podemos explicar tanto a ansiedade como a dependência causada pela nicotina presente no cigarro. Além do aspecto bioquímico exposto, existe todo o contexto comportamental do hábito adquirido. Existem associações que o ser humano faz com substâncias, alimentos, comportamentos e com o cigarro não é diferente. Algumas pessoas frente à ansiedade "atacam a geladeira", ou se sentem compelidos a comerem doce; outros imediatamente acendem o cigarro, como se isto diminuísse a ansiedade. Nenhum destes métodos diminui a ansiedade. Pode trazer um alívio a curtíssimo prazo, e um prejuízo enorme a médio e longo prazo. Para explicarmos a relação do cigarro com a depressão, voltaremos ao modelo bioquímico. Vocês se lembram daquela propaganda, que, aliás, hoje em dia é muito atual "água: sabendo usar não vai faltar...". Pois bem, o fumante vai causando um desgaste excessivo de dopamina. A cada cigarro, a cada maço fumado, são muitas reservas dessa substância que vão sendo gastas. Vai chegar um momento que a "matéria-prima" acaba. A dopamina é uma das substâncias químicas cerebrais muito importantes, entre outras funções, na depressão. A falta de dopamina pode produzir um quadro de depressão apática bastante grave. A afirmação de que o cigarro reduz o estresse também é falsa. Na verdade, ocorre o contrário. Vamos lembra que o estresse é submeter qualquer material ao seu ponto máximo de esforço ou tensão. No caso do organismo humano, diversos órgãos estão submetidos a este estado de tensão muito elevado. Um dos órgãos ou aparelhos mais prejudicados no estado de tensão é justamente o aparelho cardiovascular, pois a tensão não acomete somente os músculos, mas também as artérias. Se somarmos estas artérias que já estão contraídas pela tensão advinda do estresse a uma maior contração devida à ação da nicotina, já que a nicotina é um potente vasoconstritor (contrai as artérias), vamos entender a razão de muitos fumantes estressados, inclusive jovens, apresentarem cada vez mais mortes devido a infartes cardíacos. Além disso, o cigarro prejudica a saúde mental de outras formas. De uma maneira geral, o cigarro acaba prejudicando ao longo dos anos toda a micro-irrigação cerebral, e desta forma, predispõe a uma maior possibilidade de quadros pré-demenciais e demenciais relacionados a problemas vasculares. Ainda temos prejuízos mais precoces como tontura, dor de cabeça, dificuldade de concentração, alterações do apetite, alterações do sono, irritabilidade... Ansiedade ao parar de fumar Mas muitas pessoas podem evitar parar de fumar, devido a ansiedade que esse processo causa. Sim, ela existe. Mas, na realidade, ela é temporária. Uma das atitudes mais difíceis de se tomar é a de parar de fumar. A pessoa que decidiu precisa estar convicta de sua decisão, e na maioria das vezes precisará de ajuda de especialistas. Vou explicar a razão da dificuldade: quando existe a redução da nicotina no cérebro, haverá a diminuição de dopamina, e com a redução de dopamina haverá o desejo intenso de fumar para se obter mais nicotina e levar ao cérebro a sensação de bem estar. Isto gera um circulo vicioso! Na falta de cigarro por um tempo mais prolongado, a pessoa irá sentir sinais de abstinência e daí virá a dependência física e psíquica. Para piorar, em muitos existe um prazer real em fumar e diversas situações que são reforçadoras do hábito do cigarro: um cafezinho, após uma refeição, após uma bebida, e tantas outras. Diria que a ansiedade acompanhará todo o processo de "parar de fumar", mas a liberdade da nicotina é incomparável a essa ansiedade temporária do processo de largar o tabaco.

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